Florista de Itupeva faz campanha na web para vender flores ‘sem preço’ e não jogar fora produção

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Aguinaldo Kikuthi Júnior pediu para que as pessoas pagassem quanto pudessem, cobrando apenas R$ 5 pela entrega. Pandemia de coronavírus afetou as vendas do produtor.

Matéria G1

Produzir flores é tradição na família do engenheiro agrônomo Aguinaldo Kikuthi Júnior, de 28 anos, que desde muito cedo coloca as mãos na terra para ver desabrochar o colorido das espécies, em Itupeva (SP).

O florista viu seu trabalho ameaçado quando recebeu a notícia que o comprador da colheita não conseguiria arrematar todo o combinado, com as vendas em baixa por causa da pandemia de coronavírus.

Em Holambra (SP), por exemplo, conhecida como a capital das flores no interior de São Paulo, produtores registraram queda de 70% nas vendas na última semana, com estimativa de R$ 50 milhões de prejuízo.

Para não perder o plantio de girassóis, lisiantos e strelitzias, o rapaz teve a ideia de organizar uma campanha no Instagram e vender as plantas conforme o preço estipulado pelos clientes, cobrando apenas um frete de R$ 5 para fazer as entregas.

“Lucro eu não vou ter, mas ‘empatar’ acho que eu consigo, além de não perder as flores também”, disse Aguinaldo sobre conseguir recuperar ao menos o investimento feito no plantio.

Além dele, trabalham na plantação de 50 mil m² o pai, a avó e outros cinco funcionários. Porém, com o número de entregas resultado da campanha, o engenheiro precisou contratar outro funcionário para auxiliar na distribuição das flores.

“No começo a minha família não entendeu muito bem como ia ser. Meu pai ficou até com um pé atrás, mas quando eles viram chegar pedido, ficaram mais tranquilos”, relatou o produtor.

Há cerca de uma semana, quando teve a ideia de divulgar o trabalho na internet, Aguinaldo conta que vem recebendo dezenas de mensagens diariamente de pessoas interessadas em comprar a produção.

“Meu celular não parou um minuto desde que eu comecei, recebo mais de 60 pedidos por dia”.

O sucesso das vendas, inclusive, fez o florista pensar até em começar a vender diretamente para o consumidor final, um plano que ele afirma que será carinhosamente estudado.

O engenheiro explica que em períodos normais cada plantio pode gerar uma perda de até 10% das flores. Com o cancelamento das vendas pelo comprador, ele corria o risco de perder 80% de tudo o que plantou, mas se sentiu aliviado quando recebeu os primeiros chamados.

“Para mim foi um baque e fiquei meio assustado. Mas a sensação de ver a pessoa recebendo uma flor nesse momento naturalmente triste é bem gratificante. É um outro ar. As pessoas ficam um pouco mais animadas”, comentou.

Ele conta que as flores têm sido um recurso para os casais apaixonados demonstrarem afeto durante o momento de quarentena. Até o momento, cerca de 35% da produção já foi vendida por meio da campanha.

Moradores de um condomínio da cidade viram a campanha feita por Aguinaldo e decidiram fazer uma compra especial.

Os ramos que seriam perdidos vão ser entregues para funcionários de um hospital de Jundiaí que precisam trabalhar durante o combate à Covid-19.

“É como levar um pouquinho de alegria e esperança para as pessoas”.

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