Durante um discurso realizado no plenário da Câmara de Jucás, localizada no interior do estado do Ceará, o presidente da câmara, o vereador Eúde Lucas, demonstrou uma evidente falta de compreensão em relação ao Transtorno do Espectro Autista (TEA), uma condição que afeta aproximadamente dois milhões de brasileiros.
Em seu pronunciamento, realizado na quarta-feira, dia 20, o parlamentar começou por ignorar as mensagens de apoio à atriz Letícia Sabatella. No domingo anterior, dia 17, a atriz havia compartilhado sua experiência com o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista no programa Fantástico. Em seguida, o vereador fez comentários inadequados, sugerindo que alguém poderia “perder” a condição de autismo por meio de violência física, utilizando termos como “na peia” ou “na chibata”.
“Tem uma declaração que os artistas, os autores, sei lá… tá rondando. Eu digo ‘eu era autista’, só que meu pai tirou o autista na peia. Naquele tempo tirava autista era na chibata. Porque era um menino meio traquina”, afirmou.
Em uma nota posterior, Eúde Lucas declarou que não tinha a intenção de causar ofensa, reconhecendo que se expressou de forma inadequada e lamentando profundamente qualquer mal-entendido resultante de suas palavras. O vereador esclareceu que, em seu discurso, estava fazendo referência ao seu próprio passado, onde ele mesmo havia sido submetido a esse tipo de tratamento por parte de seu pai.
O Ministério da Saúde define o Transtorno do Espectro Autista (TEA) como um “distúrbio caracterizado pela alteração nas funções do neurodesenvolvimento”. Indivíduos diagnosticados com TEA podem apresentar desafios na comunicação, interação social e comportamento.
De acordo com as diretrizes do Ministério, é comum que pessoas com TEA manifestem comportamentos repetitivos, concentração intensa em objetos específicos e restrição de interesses.
Dentro do espectro, alguns indivíduos possuem graus mais leves e conseguem viver com independência, enfrentando discretas dificuldades de adaptação, enquanto outros têm níveis mais avançados e dependem totalmente de apoio para realizar as atividades diárias.
O tratamento preconizado pelo Ministério da Saúde para pessoas com TEA se baseia no acolhimento e na dedicação. O cuidado a pessoas com TEA demanda uma grande dedicação da família, muitas vezes resultando na redução das atividades de trabalho e lazer, bem como na possível negligência em relação aos cuidados com a saúde dos outros membros da família.
É importante ressaltar que as diretrizes do Ministério não incluem qualquer menção à utilização de violência física, como “peia” ou “chibata”, como parte do tratamento ou manejo do TEA. Pelo contrário, o foco está em proporcionar um ambiente de apoio e compreensão para indivíduos com TEA, promovendo o seu bem-estar e qualidade de vida.