Menina de 10 anos grávida vai para outro Estado após ter aborto negado no ES

Justiça autorizou o procedimento, mas hospital disse que não tinha protocolo para realizar a retirada do feto

A menina de 10 anos que engravidou após ter sido estuprada — o principal suspeito é o tio — teve o pedido de realização do aborto negado pelo Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam), vinculado à Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). A informação é do portal UOL.

O Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) autorizou, na última sexta-feira (14), a realização do procedimento. No entanto, fontes da Secretaria de Saúde do Espírito Santo (Sesa) disseram ao UOL que o hospital não tem protocolo para realizar o procedimento.

O principal empecilho seria o avanço da gestação. Informações iniciais davam conta que a garota estava grávida de 3 meses. No entanto, a informação atual é que ela estaria com 22 semanas de gravidez, mais de cinco meses.

O canal de TV Globonews mencionou um ofício assinado pelos médicos, em que eles afirmariam que o tempo de gestação não está amparado na legislação vigente sobre aborto no Brasil.

Na decisão judicial que permitiu a interrupção da gravidez, o juiz Antônio Moreira Fernandes, da Vara da Infância e Juventude da cidade de São Mateus, no Espírito Santo, entendeu que é legítimo o aborto em casos de gravidez decorrente de estupro, risco de vida à gestante e anencefalia fetal.

Diante da negativa do hospital, a menina viajou para outro estado, que não foi revelado, onde fará o procedimento. Ela está acompanhada de uma assistente social da Sesa e de um parente.

Ao UOL, a Sesa não comentou oficialmente a negativa do hospital e disse, por meio de nota, que a garota foi acolhida pelos serviços de saúde e assistência e que está acompanhando o caso. A secretaria argumentou também que o processo corre em segredo judicial. A Ufes também não comentou.

Cronologia do caso

O caso veio à tona no dia 8 de agosto, quando a menina foi atendida em uma hospital do município de São Mateus, onde a gravidez foi confirmada após a realização de exames.

A Justiça expediu um mandado de prisão preventiva contra o tio da garota, de 33 anos, na última quarta-feira (12), mas ele está foragido, de acordo com o jornal A Gazeta. A criança disse à polícia que ela era abusada desde os 6 anos de idade.

A discussão se a Justiça deveria ou não autorizar o aborto tomou as redes sociais nos últimos dias. Diante da repercussão, o TJES afirmou que a decisão seria técnica, com base na legislação, e “sem influências religiosas, filosóficas, [e] morais”.

“Todas as hipóteses constitucionais e legais para o melhor interesse da criança serão consideradas por parte deste Juízo no momento de decidir a demanda, valendo destacar que este órgão se pauta estritamente no rigoroso e técnico cumprimento da legislação vigente, sem influências religiosas, filosóficas, morais, ou de qualquer outro tipo que não a aplicação das normas pertinentes ao caso”, disse o tribunal, em nota.

Total
0
Shares
Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *


The reCAPTCHA verification period has expired. Please reload the page.

Previous Post

Juntos há 56 anos,casal morre no mesmo dia vítima do Coronavírus

Next Post

Gestação de menina de 10 anos vítima de estupro é interrompida

Related Posts