Jundiaiense na Rússia relata clima de tristeza e pede compaixão

coisasdeitupeva
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Uma jundiaiense que mora na Rússia há dois anos enviou um relato sobre a situação do país neste período tenso de conflito com a Ucrânia. Estudante de mestrado em gestão de empresas, ela conta que tanto no convívio intelectual como no trabalho, o sentimento de tristeza dos russos é enorme.

“Ninguém aqui é a favor dessa invasão, nem os estrangeiros, nem os russos. Todos com quem eu convivo, no trabalho, ou com quem tenho contato são contra a guerra. Muitos fazem protestos, e estão sendo presos. A lei marcial entrou em vigor e os russos estão sofrendo ataques pessoais quando se posicionam contra a guerra. Claro que tem exceção e há russos que apoiam a invasão e acreditam no motivo deles, mas a maioria das pessoas estão sofrendo no país. Eles apontam que os ucranianos são como irmãos para eles”, explica.

Ela pede para não ser identificada já que na Rússia está tudo sendo controlado. “Existe uma lei aqui que aplica pena de 15 anos de prisão pra quem difamar ou falar qualquer coisa que o governo entenda como errado”, diz.

A jovem vive com o marido, que também estuda na Rússia, e conta que desde o início ambos foram muito bem recebidos. “Os russos são muito parecidos conosco no jeito de ser e pensar, são receptivos, amigáveis, fiéis e eu poderia listar inúmeras qualidades aqui. Claro que eu não posso generalizar, posso falar apenas da minha experiência. E o que mais tem me deixado triste ultimamente é ver tanta gente ignorante, (no sentido de ignorar que o povo é diferente do seu governante) e atacar com comentários maldosos os russos que nada tem a ver com o acontecido. As pessoas poderiam entender melhor, que isso que está acontecendo, nada tem a ver com o povo, a cultura ou até mesmo modo de pensar deles. É triste e posso garantir que todas as pessoas com quem convivo e tenho contato estão tristes com os acontecimentos atuais, prestando condolências, orando e suplicando pelo povo ucraniano que eles chamam de irmãos.”

Ela contou ainda que muitos brasileiros que moram na Rússia e se expõem na internet estão sendo atacados de forma pessoal por outros brasileiros. Muitas pessoas próximas a nós, russas, também estão sendo atacadas não só por brasileiros mas diferentes nacionalidades. Eu entendo e acho legítimo a atenção estar voltada ao povo ucraniano, nós também estamos, mas não podemos culpar uma nação por isso, não é justo. Para não agravar esse momento tão delicado, as pessoas poderiam parar de atacar uns aos outros, ter mais empatia e compaixão pelo outro que também sofre. Nisso tudo, a única diferença que vejo entre os internautas e os governantes, é que uns tem armas e outros tem palavras.”

O local onde ela mora está sem ação bélica, mas existe base militar com envio de mísseis. “Não temos muita movimentação militar, mas há muita compaixão e solidariedade para ambos os lados.”

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