Combinando espiritualidade e desafios físicos, o movimento Legendários vem se expandindo pelo Brasil e atraindo a atenção de figuras públicas como Thiago Nigro, Eliezer e o pai de Neymar. Os encontros, realizados em meio à natureza e com valores de inscrição entre R$ 1.600 e R$ 1.800, buscam oferecer mais do que atividades intensas — segundo os organizadores, a proposta vai além do físico e se volta à restauração de valores.
Em entrevista, o pastor guatemalteco Chepe Putzu, criador do movimento e atualmente morando em Miami, afirmou que os Legendários surgem como uma resposta à “crise emocional, social e espiritual” enfrentada por muitos homens. Segundo ele, o movimento não pretende reforçar padrões ultrapassados de masculinidade.
“Queremos restaurar valores profundos que foram distorcidos ao longo do tempo. Não se trata de impor um modelo obsoleto de homem, mas de recuperar virtudes como amor, honra e unidade”, explica Putzu.
“AHU”: Amor, Honra e Unidade
O lema “AHU” — sigla para Amor, Honra e Unidade — é a base do que o movimento propõe. Com inspiração cristã, a ideia é promover o desenvolvimento do caráter masculino por meio da fé, do serviço à família e da responsabilidade social. Putzu reforça que os encontros não são voltados apenas à elite, como já foi criticado, e que há adaptações conforme a realidade de cada região.
“Legendários reconhece o Brasil real. Onde há desigualdade, exclusão ou rótulos sociais, buscamos restaurar, incluir e humanizar”, diz o fundador. Segundo ele, sedes locais oferecem apoio a participantes que enfrentam barreiras financeiras.
Riscos e exigências físicas
Apesar da ênfase em desafios físicos, Putzu esclarece que não se trata de uma competição, mas de um processo de autoconhecimento. Para garantir a segurança, os eventos exigem atestado médico e exames como o teste de esforço físico antes da participação.
“Não é sobre desempenho. Cada pessoa vive a experiência dentro dos seus próprios limites. O objetivo é desafiar não apenas o corpo, mas o espírito”, afirma.
Dados e reflexões sobre a condição masculina
Durante a conversa, Putzu destacou estatísticas preocupantes para reforçar a importância da causa. Citando dados da OMS e da Fiocruz, ele lembra que homens são maioria entre os que cometem suicídio, estão presos, abandonam os estudos ou enfrentam vícios.
“O homem está em dívida com a sociedade, com a família e consigo mesmo. Queremos contribuir para mudar esse cenário. Onde a cultura cancela, queremos restaurar”, resume.

