Dia da Independência: pedido de abertura da Rua Sete de Setembro em Sorocaba completa 200 anos

Abertura da rua foi solicitada em outubro de 1823 e concluída em 1825, já com o nome em homenagem ao Dia da Independência do Brasil.

A rua Sete de Setembro, localizada no Centro de Sorocaba (SP), é repleta de referências que evidenciam a passagem do tempo. Isso se manifesta tanto no relógio do Monumento da Colônia Japonesa, erguido na Praça Nicolau Scarpa em abril de 1954, quanto nas características arquitetônicas das calçadas e edifícios que a ladeiam.

O pedido para a criação da rua remonta a outubro de 1823, feito pelos moradores da Rua da Penha. No entanto, a inauguração da Sete de Setembro só ocorreu em 1825, conforme documentado pelo pesquisador e historiador José Rubens Incao. O nome da rua foi escolhido como uma homenagem ao Dia da Independência do Brasil.

Naquela época, a Rua da Penha era uma via de terra, frequentemente utilizada para o trânsito de animais de carga. A intensa movimentação e a poeira resultante causavam incômodo à população, que recorreu à Câmara de Sorocaba e à prefeitura em busca da abertura de uma nova rua paralela, com o propósito de desviar o tráfego das tropas.

Assim, surgiu a ideia de abrir a atual Sete de Setembro em 1823, marcando agora seu bicentenário. Contudo, a demora na concretização do projeto ocorreu devido à necessidade de desapropriação de alguns imóveis na área. Originalmente, aquela região consistia em vastas chácaras. Posteriormente, a rua foi efetivamente inaugurada, alterando o fluxo de trânsito das tropas que antes atravessavam a atual Avenida General Carneiro, passavam pela Praça 9 de Julho, percorriam a Sete de Setembro, atravessavam o Centro e rumavam em direção a São Paulo.

Incao, ao estudar a história de Sorocaba e ao adotar uma postura de “flâneur,” termo francês que se refere a um observador casual e atento, oferece uma perspectiva única e descontraída. Sua análise combina o rigor acadêmico com a vivacidade de quem explora a área central da cidade com olhos curiosos e perspicazes. Essa abordagem singular permite a Incao capturar detalhes e nuances que muitas vezes escapam a uma análise puramente histórica, tornando sua interpretação da cidade ainda mais rica e envolvente.

“Falo brincando, mas tem um pouco de verdade, de que continua a rua dos tropeiros. Isso porque, ali, há um grande comércio de carros usados. Se as mulas do passado eram os nossos transportes, esses carros, hoje, mantêm, de certa forma, essa tradição.”

Hoje, a Rua Sete de Setembro é reconhecida como o epicentro das oficinas de consertos e das revendas de automóveis, conforme relatado pela Associação Comercial de Sorocaba (Acso). A via é caracterizada por um movimento constante de carros e pedestres nas calçadas. Com um olhar atento, é possível descobrir pequenas nuances da história que ainda subsistem.

Incao enfatiza seu apreço pela “arqueologia das ruas”. Ele destaca que, ao realizar obras de manutenção, é possível encontrar, sob o asfalto, os paralelepípedos que foram trazidos de Piedade. As próprias calçadas da rua ainda preservam vestígios de suas transformações ao longo do tempo, incluindo trechos feitos com tijolos e ladrilhos, revelando camadas da história que estão presentes mesmo nas mudanças modernas da paisagem urbana.

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