Durante sessão realizada nesta terça-feira (10) no Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Jair Bolsonaro pediu desculpas ao ministro Alexandre de Moraes e reconheceu não possuir qualquer evidência que comprove declarações feitas anteriormente envolvendo ministros da Corte.
A fala ocorreu no contexto do interrogatório dos réus apontados como integrantes do chamado “núcleo central” da suposta tentativa de golpe de Estado investigada pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Bolsonaro, que é um dos principais acusados, foi o sexto a prestar depoimento na etapa de instrução do processo.
Ao ser confrontado por Moraes sobre declarações em que teria citado valores como US$ 30 milhões e US$ 50 milhões relacionados a ministros do STF, Bolsonaro admitiu que a fala foi fruto de um “desabafo” em uma reunião privada.
“Não tenho qualquer indício, senhor ministro. Foi uma retórica de momento, em uma reunião que nem deveria ter sido gravada. Se fossem outros ocupando aqueles cargos, teria dito o mesmo. Peço desculpas, não houve intenção de acusar os senhores de conduta ilícita”, declarou o ex-presidente.
Defesa impedida de exibir vídeos
Antes do depoimento, a defesa de Bolsonaro havia solicitado a apresentação de vídeos durante o interrogatório. O pedido foi negado por Moraes, que argumentou que os materiais poderiam ser incluídos posteriormente nos autos, mas não exibidos na audiência.
Questionado sobre a decisão ao chegar à sessão, Bolsonaro respondeu de forma lacônica: “Não achei nada”.
Julgamento entra na fase final da instrução
Além de Bolsonaro, já prestaram depoimento outros nomes envolvidos na ação penal, incluindo o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, o deputado federal Alexandre Ramagem, o ex-comandante da Marinha Almir Garnier, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o general Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional.
Esses depoimentos fazem parte da reta final da fase de instrução, momento do processo em que são coletadas provas e ouvidos os réus. Concluída essa etapa, poderão ser solicitadas diligências complementares antes da apresentação das alegações finais pelas partes. Em seguida, o caso será encaminhado para julgamento pela Primeira Turma do STF.
Réus do núcleo central, segundo a PGR:
- Jair Bolsonaro
- Mauro Cid
- Alexandre Ramagem
- Almir Garnier
- Anderson Torres
- Augusto Heleno
- Paulo Sérgio Nogueira
- Walter Braga Netto
