O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se manifestou nesta quinta-feira (10) sobre a recente decisão dos Estados Unidos de elevar para 50% a tarifa sobre produtos brasileiros. Sem criticar diretamente o governo norte-americano, o ex-presidente adotou um tom de alerta ao apontar que o Brasil estaria seguindo rumo ao “isolamento e à vergonha internacional”.
A declaração foi publicada em sua conta na rede social X (antigo Twitter), onde Bolsonaro cobrou uma resposta imediata das autoridades brasileiras diante do cenário. “A escalada de abusos, censura e perseguição política precisam parar. O alerta foi dado, e não há mais espaço para omissões”, escreveu.
O ex-presidente demonstrou apoio ao governo de Donald Trump, autor da medida tarifária, e afirmou ter recebido com responsabilidade a notícia da carta enviada pelo republicano ao governo brasileiro. No documento, Trump justifica o aumento das tarifas em meio a críticas à condução política do Brasil, especialmente após o julgamento de Jair Bolsonaro por suposta tentativa de golpe em 2022.
Relações diplomáticas em foco
Na visão de Bolsonaro, a decisão dos EUA reflete o que ele classificou como um distanciamento do Brasil em relação a princípios como liberdade, Estado de Direito e alinhamento com democracias ocidentais. “Isso jamais teria acontecido sob o meu governo”, destacou.
Ele também fez referência à expressão “caça às bruxas”, utilizada por Trump, afirmando que o processo de perseguição política não se restringe a ele, mas se estende a milhões de brasileiros. “Está em jogo a liberdade de expressão, de imprensa, de consciência e de participação política”, afirmou.
Pressão sobre os Poderes
Ao final de sua manifestação, Bolsonaro apelou para que os Três Poderes tomem providências urgentes com o objetivo de restaurar o que chamou de “normalidade institucional” no país.
Nos bastidores, aliados do ex-presidente já reconhecem que a decisão de Trump pode desgastar a imagem de Bolsonaro, justamente por ele ter sido citado diretamente na carta enviada à Presidência da República. A medida, no entanto, é vista por seu grupo político como um gesto de solidariedade, e os apoiadores do ex-presidente tentam blindá-lo das críticas, apontando a diplomacia do atual governo como causa do atrito comercial.
Apesar da incerteza sobre os desdobramentos econômicos da decisão dos Estados Unidos, o tema promete ocupar espaço central no debate político dos próximos dias.
