O governo brasileiro vem acelerando as negociações para tentar reverter a decisão do presidente norte‑americano Donald Trump, que determinou a aplicação de tarifas de 50% sobre produtos exportados pelo Brasil para os Estados Unidos. A medida está prevista para entrar em vigor em 1º de agosto, e o Planalto trabalha para resolver o impasse antes da data-limite.
Nos últimos dias, o vice‑presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin (PSB), liderou uma série de reuniões com representantes da indústria, do agronegócio e de entidades sindicais. Também participaram das discussões os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil), Simone Tebet (Planejamento), Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos) e Carlos Fávaro (Agricultura).
Os encontros foram realizados no Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), que recebeu representantes de entidades como Amcham Brasil, Confederação Nacional da Indústria (CNI), além de grandes empresas como Coca‑Cola e Amazon, diretamente afetadas pela decisão dos EUA.
Estratégia do governo
A linha adotada pelo governo federal é ampliar o diálogo com os setores produtivos e apresentar um posicionamento unificado diante de Washington. A meta é convencer os norte‑americanos a recuar da decisão até o fim de julho, sem precisar pedir prorrogação do prazo. Para isso, as entidades envolvidas nas reuniões também devem atuar junto a parceiros nos EUA, reforçando a importância econômica das exportações brasileiras.
Mesmo assim, o governo admite a possibilidade de solicitar mais tempo de negociação, caso não haja um desfecho imediato. O cenário preocupa empresários, especialmente em setores que trabalham com produtos perecíveis já em transporte marítimo.
Das 25 economias atingidas pelas sobretaxas, o Brasil lidera com a maior tarifa unilateral — 50% — afetando segmentos como agronegócio e indústria. Dados do MDIC apontam que cerca de 12% das exportações nacionais têm os EUA como destino, incluindo petróleo bruto, ferro, aço, celulose, café, suco de laranja, carne bovina, aeronaves e equipamentos de energia.
Pressão diplomática
Como parte do esforço diplomático, o governo enviou uma carta oficial à Casa Branca manifestando indignação com as novas tarifas. O texto alerta para o impacto negativo da decisão em setores estratégicos para as duas economias e ressalta a importância da parceria histórica entre Brasil e Estados Unidos.
Na correspondência, o Planalto também apresentou sugestões de negociação em uma minuta confidencial, buscando construir “soluções mutuamente benéficas” e reduzir o risco de prejuízos bilaterais.
Apesar das críticas públicas feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e outros integrantes do governo, a posição oficial do Brasil tem sido pautada pelo diálogo e pela diplomacia, mantendo a porta aberta para um entendimento antes que o tarifaço entre em vigor.
