Preso temporariamente nesta quinta-feira (29), o cantor MC Poze do Rodo foi transferido para uma ala destinada a integrantes do Comando Vermelho (CV), no presídio Bangu 3, no Complexo de Gericinó, no Rio de Janeiro. A decisão foi tomada após ele declarar, no formulário de triagem da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), ligação com a facção.
A identificação ocorre por meio do campo “ideologia declarada”, parte do processo de triagem utilizado para evitar conflitos internos entre membros de grupos rivais dentro do sistema prisional. A informação, no entanto, não representa uma confissão de crime, sendo adotada apenas como medida de segurança institucional.
O sistema penitenciário fluminense possui alas separadas para diferentes perfis de detentos, como integrantes de facções criminosas, milicianos, população LGBTQIA+ e outros grupos. Com a sinalização de Poze, ele foi encaminhado para uma ala ocupada por presos ligados ao CV.
O artista já havia falado publicamente sobre um passado ligado ao crime. Em entrevista ao programa Profissão Repórter, afirmou ter se envolvido com atividades ilegais antes de se dedicar à música. “Já troquei tiro, fui baleado e preso também. E eu pensei: vou querer ficar nessa vida aqui ou viver uma vida tranquila? Então, eu foquei em viver uma vida tranquila”, declarou na ocasião.

Prisão e investigação
MC Poze foi detido por agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) em sua residência no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio. A prisão temporária foi mantida após audiência de custódia realizada na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica.
Durante o trajeto entre a delegacia e a unidade prisional, o cantor se manifestou brevemente à imprensa:
“Isso é perseguição. É indício, mas não tem prova. Manda provar aí”, disse, criticando a investigação.
A Polícia Civil do Rio de Janeiro alega que o cantor realiza shows em áreas sob domínio do Comando Vermelho, eventos que seriam usados para a exibição de traficantes armados e como meio de arrecadação para o grupo. Ainda segundo a DRE, o repertório do artista incentivaria a apologia ao crime e o uso de armas, ultrapassando os limites da liberdade artística.
Em nota, a corporação afirmou que as investigações prosseguem para identificar outros envolvidos e possíveis financiadores desses eventos. “As letras extrapolam os limites constitucionais da liberdade de expressão e artística, configurando crimes graves de apologia ao crime e associação ao tráfico”, informou a Polícia Civil.
A defesa do artista, representada pelo advogado Fernando Henrique Cardoso Neves, contestou a prisão e sinalizou que poderá entrar com pedido de habeas corpus nos próximos dias.
